Livro das Edições Avante!

<i>12 Fugas das Prisões de Salazar</i>

Lan­çado na Festa do Avante!, o livro 12 Fugas das Pri­sões de Sa­lazar, que já vai na se­gunda edição, cons­titui um con­tri­buto pre­cioso para o com­bate à usur­pação da me­mória do que foi o fas­cismo e a re­sis­tência an­ti­fas­cista.

Os co­mu­nistas eva­diam-se da prisão para con­ti­nuar a luta cá fora

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Este novo livro in­clui re­latos dos pro­ta­go­nistas de 12 fugas das pri­sões do fas­cismo, bem su­ce­didas ou fa­lhadas – co­li­gidos por Jaime Serra, ele pró­prio par­ti­ci­pante em vá­rias delas. Muitas ou­tras se po­de­riam re­ferir, mas o livro es­colhe 12: a fuga co­lec­tiva do Tar­rafal, frus­trada, em 1937, a partir dos de­poi­mentos de Mi­guel Wager Russel; a fuga do «se­gredo» do Forte de Ca­xias, em 1939, pro­ta­go­ni­zada por Fran­cisco Mi­guel e Au­gusto Valdez, se­gundo o re­lato do pri­meiro; a fuga de Pe­niche, de Fran­cisco Mi­guem e Jaime Serra, em 1950, con­tada pelo úl­timo; duas ten­ta­tivas frus­tradas de fuga co­lec­tiva de Pe­niche em 1953, re­la­tadas por Jo­a­quim Cam­pino; a fuga da ca­deia da PIDE no Porto, pro­ta­go­ni­zada por Pedro So­ares e Jo­a­quim Gomes (con­tada por este) em 1954; a fuga de An­tónio Dias Lou­renço do «se­gredo» de Pe­niche em 1954 (se­gundo Jo­a­quim Cam­pino); a fuga frus­trada do Al­jube, em 1955, pro­ta­go­ni­zada e con­tada por Jaime Serra, o mesmo que, no ano se­guinte, é bem su­ce­dido numa nova fuga, mas de Ca­xias; a evasão de Amé­rico de Sousa, Carlos Brito e Ro­lando Ver­dial do Al­jube, em 1957, é re­cons­ti­tuída a partir dos de­poi­mentos do se­gundo; a fuga co­lec­tiva de Ca­xias no carro blin­dado de Sa­lazar, em 1961 (con­tada por An­tónio Te­reso), e a fuga de Jorge Araújo e Silva Mar­ques da PIDE do Porto (a partir de um re­la­tório en­viado à di­recção do Par­tido por um dos par­ti­ci­pantes) são também re­fe­ridas. Em úl­timo surge a fuga co­lec­tiva de Pe­niche de dez di­ri­gentes e mi­li­tantes co­mu­nistas, entre os quais Álvaro Cu­nhal, em Ja­neiro de 1960, a partir dos de­poi­mentos de Jaime Serra.

 

Evitar a usur­pação da His­tória

 

Na in­tro­dução, Jaime Serra re­alçou que se pro­curou «reunir neste vo­lume re­latos, sempre que pos­sível feitos pelos par­ti­ci­pantes, que estão hoje dis­persos por vá­rias pu­bli­ca­ções, al­gumas já de di­fícil lo­ca­li­zação. Basta dizer que o re­lato de uma dessas fugas só foi pos­sível re­cons­ti­tuir indo “de­sen­terrar" dos ar­quivos do PCP um velho re­la­tório com mais de qua­renta anos».

Lem­brando que o «tipo de or­ga­ni­zação que estas fugas exi­giam, quer dentro das ca­deias quer no seu ex­te­rior, im­pli­cava a exis­tência de uma or­ga­ni­zação po­lí­tica clan­des­tina no ex­te­rior», Jaime Serra des­tacou que «só o PCP, pelas suas ca­rac­te­rís­ticas de par­tido re­vo­lu­ci­o­nário da classe ope­rária, en­fren­tando a bru­ta­li­dade da re­pressão fas­cista, con­se­guiu manter-se com tais con­di­ções».

O his­tó­rico di­ri­gente do Par­tido re­feriu-se ainda a ou­tras co­ra­josas fugas de mi­li­tantes co­mu­nistas «apoi­adas em cir­cuns­tân­cias oca­si­o­nais, mesmo quando pro­vo­cadas», pro­ta­go­ni­zadas por Fran­cisco Paula de Oli­veira (Pável), Jo­a­quim Pires Jorge, Ma­nuel Guedes, Ge­or­gette Fer­reira, Blanqui Tei­xeira, entre ou­tros. Para Jaime Serra, o ob­jec­tivo da pu­bli­cação deste livro é «dar a co­nhecer, so­bre­tudo à ju­ven­tude dos nossos dias que tão ca­rente anda de in­for­mação sobre a his­tória do nosso pas­sado re­cente, um im­por­tante as­pecto da luta dos co­mu­nistas que con­duziu à con­quista da li­ber­dade de que hoje dis­fru­tamos».

Je­ró­nimo de Sousa, que as­sina o pre­fácio, re­fere-se também à ne­ces­si­dade de mos­trar às novas ge­ra­ções que «nesse quase meio sé­culo de opressão e obs­cu­ran­tismo fas­cistas, lutar pela li­ber­dade, pela de­mo­cracia, pelo pro­gresso, pela jus­tiça so­cial tinha como con­sequên­cias ine­vi­tá­veis a prisão, a tor­tura, muitas vezes a morte». E que foram os co­mu­nistas os «únicos que lu­taram sempre, ocu­pando sempre a pri­meira fila da re­sis­tência e da luta», pros­segue, acres­cen­tando: «os mesmos co­mu­nistas que, hoje, ocupam a pri­meira fila da luta contra a po­lí­tica de di­reita e por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda».

O livro é, para o Se­cre­tário-geral do Par­tido, um «con­tri­buto pre­cioso para o com­bate à ope­ração em curso de bran­que­a­mento e ne­gação do fas­cismo», pro­ta­go­ni­zada pelo «exér­cito de his­to­ri­a­dores do sis­tema, aos quais está en­co­men­dada a ta­refa de re­es­crever a His­tória de acordo com os in­te­resses da classe do­mi­nante».



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